A colecção de mobiliário do Palácio de Mafra é espelho das vicissitudes pelas quais esta Residência Real passou…
Do mobiliário da época Joanina pouco resta pois, quando da ida da Corte para o Brasil na época das Invasões Francesas, grande parte do mobiliário, tapeçarias e obras de arte foram embaladas e transportadas nas naus que rumaram à colónia de onde não regressaram.
Assim, os ambientes palacianos hoje existentes são essencialmente do século XIX, bastante ecléticos, predominando o estilo Império e o mobiliário romântico.
No Paço Real, destacam-se uma cama de aparato Império, em mogno e com bronzes de cinzelamento perfeito, com as respectivas mesas de cabeceira, atribuída a Pierre Bartholomé Déjante (cerca de 1843) e adquirida pela Rainha D. Maria II, três cadeiras profusamente entalhadas em pau-santo utilizadas pela Família Real na inauguração da estátua equestre de D. José I (1775) e, ainda, uma credência entalhada e dourada assinada por José Aniceto Raposo (1756-1824), notável entalhador e inventor.
Quanto ao mobiliário conventual, consiste essencialmente em camas, bancos, mesas e estantes pertencentes às celas fradescas, e que foram posteriormente utilizados pela Corte após a extinção das Ordens Religiosas.
Destacam-se três estantes para Cantochão do mestre entalhador da Casa das Obras e Paços Reais António Ângelo, encomenda de D. João VI para o Coro do Convento da Basílica e um mostrador da antiga botica, um dos poucos exemplares do século XVIII existentes em Portugal.
(GC)
Cama Império, Pierre Bartholomé Déjante, século XIX |
Credência, António Ângelo, século XVIII |
Cadeira de braços da inauguração da estátua equestre, 1775 |