O Real Convento de Mafra possui um conjunto de dois carrilhões ou seja uma série de sinos afinados musicalmente entre si. No caso de Mafra são noventa e oito sinos, o que os torna uns dos maiores carrilhões históricos do mundo.

Carrilhões de Mafra |
Segundo a tradição, a mando d'El- Rei o Marquês de Abrantes procurou informar-se do preço de um carrilhão tendo-lhe sido indicado o valor de 400.000$00 réis, quantia tida como demasiado elevada para um país tão pequeno. Ao que D. João V, ofendido - era o monarca mais rico do seu tempo - terá respondido: “
Não supunha que fosse tão barato; quero dois!” Assim, foi executado em Liége, nas oficinas de Nicolau Levache, o carrilhão da torre norte e, em Antuérpia, na fundição de Willem Witlockx, o da torre sul.

Carrilhão da torre Norte |

Carrilhão da torre Sul |
Cada torre sineira tinha cinquenta e oito sinos, pertencendo a cada carrilhão quarenta e nove. Os sinos de
primeira grandeza pesam cada um 625 arrobas [1 arroba = 14,688 kg] ou seja mais de 9.180 kg. Os de
segunda grandeza pesam cada um 291 arrobas ou seja 4.270 kg cada, os de
terceira 231 arrobas o que corresponde a 3.392 kg cada, os de
quarta 99 arrobas pesam 1.454 kg. cada e assim vão diminuindo até sinos de 1 de arroba, os mais pequenos, com cerca de 15 kg cada um. Finalmente as rodas e engenhos dos carrilhões pesam 1.420 quintais [1 quintal = 58,752 kg] ou seja 83.427,84 kg .
Ambos os carrilhões são compostos simultaneamente por dois sistemas:
- O sistema mecânico funciona como um órgão de Barbieri, com dois enormes cilindros de bronze onde se colocam cavilhas representando notas musicais. Quando accionado pelo mecanismo dos relógios, o movimento dos cilindros faz as cavilhas baterem em teclas metálicas ou
papagaios, movendo os martelos dos sinos de acordo com a melodia programada. O carrilhão mecânico tocava a todas os quartos, meias e horas certashoras, do nascer ao pôr- do-sol.
- O sistema manual é accionado por um carrilhanista, tocando com as mãos e os pés num teclado que faz accionar os badalos dos sinos.

Sistema Mecânico |

Sistema Manual |
Outros sinos pontuavam a vida do convento, como caso do Sino das Aulas, que marcava o início destas, o Sino da Enfermaria ou da Agonia, assim chamado pois era tocado quando algum frade estava próximo da morte, o sino do refeitório que tocava para assinalar as horas das refeições por fim o sino da Féria, também chamado o
sino do bacalhau, porque tocava apenas nos dias de jejum, às matinas, vésperas e horas da missa, como nos diz Frei João de Santa Ana.
(IYO/GC/MFS)

Sino da Aulas |
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